Banhada pelo Rio Mondego, Coimbra já foi capital de Portugal antes de Lisboa, de 1139 a 1256, sendo a cidade mais importante da região central do país.
Quem está saindo de Lisboa em direção ao Porto, poderá ter Coimbra como uma das paradas, aproveitando para ficar pelo menos um dia inteiro na cidade e aproveitar para conhecer todos os seus encantos.
Universidade de Coimbra, em Portugal
A famosa Universidade de Coimbra foi a primeira de Portugal e uma das mais antigas do mundo ocidental em funcionamento e é uma das razões de receber tantos turistas, que querem conhecer a universidade onde Camões e Eça de Queiroz estudaram, só para citar algumas das figuras ilustres que já passaram por lá.
O aspecto mais interessante da cidade é o contraste entre o antigo e o novo. Por um lado, a arquitetura medieval, composta por muralhas, arcos e ruas estreitas pavimentadas por pedras nos remetem à outra época.
Por outro lado, a quantidade de estudantes jovens por conta da universidade imprime um ar de jovialidade.
Foi em Coimbra onde ocorreu a célebre história de Pedro e Inês de Castro, da qual Camões dedica um dos cantos d’Os Lusíadas.
A mítica Fonte dos Amores está lá até hoje.
Conhecer a charmosa Coimbra é viajar um pouco na história de Portugal!
Quando ir para Coimbra
Como Portugal é um país pequeno em extensão, a dica de quando ir durante o ano segue a mesma lógica de Lisboa: para fugir das chuvas, os meses de maior precipitação são de outubro a março, portanto de abril a setembro seriam os meses mais indicados, com dias ensolarados, sendo junho a setembro os mais quentes, com máximas de 30ºC.
Onde ficar em Coimbra
Sendo uma cidade relativamente pequena, é muito conveniente se hospedar no centro, próximo à Estação Coimbra, tanto se chegar de carro ou de trem.
Como eu estava de carro, optei pelo Hotel Oslo, um dos poucos que ofereciam estacionamento gratuito.
Fiquei dois dias na cidade e não precisei pegar o carro para nada, foi possível fazer tudo a pé.
Gostei bastante do hotel.
Limpo, equipe amigável, bom café da manhã e o Wi-Fi era ótimo. Na parte de cima, um terraço oferece uma vista bem interessante do centro, com a Universidade de Coimbra no ponto mais alto.
ROTEIRO DE 1 DIA
Arco e Torre de Almedina
Partindo da Estação Coimbra, uma curta caminhada nos leva à região da Torre de Almedina.
Considerado o ponto de partida para conhecer o centro histórico da cidade, este Arco e Torre datam do século IX.
O arco fazia parte da muralha que protegia a cidade medieval, construída pelos mouros.
Entrando na torre, temos acesso ao Museu da Cidade Amuralhada, que conta com uma maquete da cidade antiga e uma mostra audiovisual sobre a história da cidade amuralhada.
Confesso que fiquei um pouco decepcionado com a torre, ao subir, esperava ter uma vista panorâmica da cidade, mas as janelas são muito pequenas. De qualquer forma, é muito interessante andar pelas ruas que estão nos arredores da torre, é uma parte bem antiga da cidade.
Sé Velha
Construída no século XII em estilo românico é uma das igrejas mais antigas de Portugal.
Universidade de Coimbra
A Universidade é a mais antiga de Portugal e uma das mais antigas do mundo. Foi fundada em Lisboa e transferida definitivamente para Coimbra em 1537.
É formada por diversos prédios, sendo os principais pontos de visitação a Porta Férrea, o Paço das Escolas e a Biblioteca Joanina.
Ilustres personalidades estudaram lá, como Luís de Camões, Eça de Queiroz e Almeida Garrett.
Antes de adquirir o ingresso, cheque os horários disponíveis para visitar a Biblioteca Joanina, pois ela tem horários marcados em grupos e a entrada é realizada pontualmente no horário marcado.
Os outros lugares não precisam ter horário agendado, basta apresentar o ingresso e explorar livremente.
Para visitá-la com calma, separe pelo menos 1h30. Dica: a visita fica fechada na hora do almoço entre 13h e 14h, portanto um horário bom para chegar é por volta das 11h. Vai dar tempo e conhecer os principais pontos.
Quando retirar o ticket na bilheteria, vai vir junto um mapa do lugar, então se programe para ficar próximo da Biblioteca Joanina no horário marcado. Eles abrem a porta pontualmente e fecham logo em seguida.
Porta Férrea
É a entrada principal do pátio e seus grandes portões de ferro tinham função de defesa. A porta foi preservada e mais tarde foi decorado com símbolos de Portugal e da Universidade;
Paço Real
Os aposentos reais quando Coimbra era a capital foram transformados em salas de cerimônia da Universidade, e exames importantes como os doutorados.
Biblioteca Joanina
Construída entre 1917 e 1728 em estilo barroco, é uma das bibliotecas mais importantes da Europa. Com cerca de 40.000 livros, estantes imponentes e grandes mesas de madeira vinda do Brasil, ela tem um fato curioso (e estranho): É mantida dentro dela uma colônia de morcegos, a fim de proteger os livros de insetos bibliógrafos. No interior da biblioteca não é permitido tirar fotos.
No subsolo da biblioteca podemos visitar a claustrofóbica Prisão Acadêmica. Sim, até 1834 a universidade mantinha uma prisão, onde professores, alunos e funcionários poderiam ser presos temporariamente ali por algum motivo de falta de disciplina. Bizarro…
Outra curiosidade sobre a Universidade são os estudantes com o chamado “traje acadêmico”, que são capas pretas, uma tradição antiga e que serviram de inspiração para as capas do Harry Potter. Durante a visita vimos vários deles andando com essas capas.
Escadas Monumentais
Saindo do Paços dos Escolas pela Porta Férrea e seguindo pela Rua Larga, onde ficam prédios de alguns cursos, nos deparamos com uma grande escadaria com intensa circulação de alunos, que leva à parte baixa da cidade, ligando a Praça Dom Dinis com Rua de Oliveira Matos.
Aqueduto de São Sebastião
Construído no século XVI, para abastecer a cidade, esse aqueduto fica próximo ao Jardim Botânico numa parte bem bonita da cidade, que vale a pena conhecer não só pelo aqueduto, mas pelas ruas da região, que são bem bonitas.
Foi construído utilizando as linhas de um aqueduto romano.
Parque Verde do Mondego
Às margens do Rio Mondego, entre as Pontes Santa Clara e Pedro e Inês, vários bares, cafés, bares e restaurantes se concentram num deque virado para o rio.
Quando estive por lá, por conta das chuvas, houve um transbordamento do rio que obrigou todos os lugares a ficarem fechados, inclusive alguns com marcas de inundação, então não consegui conhecê-los.
Mas pareceu um lugar muito interessante para passar o final de tarde. É uma parte mais moderna e descolada da cidade, em contraste com o centro histórico.
Ponte Pedro e Inês
Essa ponte para pedestres liga o Parque Verde do Mondego à outra margem, que é a Quinta das Lágrimas. Construída em chão de madeira e estruturas metálicas com vidros de quatro cores formando mosaicos.
Jardins da Quinta das Lágrimas
Para fazer algum sentido na visita à Quinta das Lágrimas, vale recordar a história do infante D. Pedro e Inês de Castro, resumidamente:
Inês de Castro era dama de companhia da mulher de D. Pedro, D. Constança. Pedro tinha encontros amorosos com Inês no jardim da Quinta das Lágrimas. Depois da morte de D. Constança, Pedro passa a viver com Inês, contrariando seu pai, D. Afonso IV.
Alguns anos mais tarde D. Afonso manda assassinar Inês, provocando a ira de Pedro. Quando ele assume o trono, manda matar os assassinos de Inês arrancando-lhes o coração e impõe o reconhecimento de Inês como rainha de Portugal, mesmo depois de morta.
Essa trágica história de amor foi eternizada por Camões, na obra mais importante da língua portuguesa, Os Lusíadas:
“Passada esta tão próspera vitória,
Tornado Afonso à Lusitana Terra,
A se lograr da paz com tanta glória
Quanta soube ganhar na dura guerra,
O caso triste e dino da memória,
Que do sepulcro os homens desenterra,
Aconteceu da mísera e mesquinha
Que despois de ser morta foi Rainha.”Os Lusíadas, Canto III.
Atualmente na Quinta das Lágrimas funciona um hotel de luxo, rodeado por jardins. A Fonte das Lágrimas, segundo a lenda, foi origem das lágrimas de Inês e quando foi assassinada e seu sangue correu pela fonte e está gravado na rocha até hoje, que são levemente avermelhadas no fundo da fonte.
Para acessar a Fonte das Lágrimas, não é possível fazê-lo por dentro do hotel. O visitante precisa dar a volta pela Rua José Vilarinho Raposo, que vai ter uma entrada para um campo de golfe. Lá dentro, basta adquirir o ticket, que vem acompanhado de um mapa para encontrar a fonte.
Ponte de Santa Clara
Saindo da Quinta das Lágrimas, para voltar ao centro, podemos passar pela Ponte de Santa Clara, que vai sair logo no Largo da Portagem, bem próximo do ponto de partida do roteiro, na Estação Coimbra.
Largo da Portagem
Principal praça da cidade à beira do Rio Mondego, bem em frente à Ponte de Santa Clara. Algumas construções importantes e históricas de Coimbra estão nesta praça, como o Hotel Astoria e o Edifício do Banco de Portugal.